Antes da Festa
Na casa antiga, o tempo parecia andar mais devagar.
As janelas estavam abertas, deixando entrar o cheiro doce da terra molhada e o rumor distante das conversas que ainda não tinham começado.
A mãe passava o pano sobre a mesa com a delicadeza de quem prepara um altar. Cada prato, cada copo, cada talher era colocado com a precisão de um gesto antigo, herdado de outras festas, de outras mãos.
O pai, no quintal, pendurava as luzes como quem pendura estrelas — uma a uma, com cuidado, como se o céu dependesse disso.
As crianças corriam entre os móveis, rindo alto, sem saber que estavam a construir memórias.
E no ar, pairava uma expectativa leve, quase invisível, como o pó que dança nos feixes de luz.
A festa ainda não tinha começado, mas já existia. Estava nos olhos que se cruzavam em silêncio, nos cheiros que se misturavam na cozinha, no som do rádio antigo que tocava uma canção que todos conheciam sem saber como. Era ali, naquele instante suspenso, que morava a verdadeira magia: nos preparativos, no antes, no quase.
Assim, preparar uma festa é, em última análise, um ato de generosidade. É oferecer tempo, espaço e atenção ao outro. É criar, com esmero, um cenário onde a alegria possa acontecer.
Google Gemini (acesso em 24 de junho de 2025)